SUGESTOM DE PAUTAS
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Caras Amigas e Amigos,
Enviamos abaixo sugestom de algumhas matérias e conteúdos audiovisuais do Diário Liberdade que poderiam ser do vosso interesse para reproduzir. Por favor, nom duvidedes em fazer com total liberdade, mesmo modificando aquilo que achardes necessário. Pedimos só crédito e link para o site do Diário Liberdade (
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Joam Peres
** Joám Peres: “Se formos julgados, comportaremo-nos como o que somos: militantes ao serviço da independência nacional” (
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As e os militantes de Causa Galiza enfrentam um processo repressivo político. Joám Peres, umha das pessoas processadas, explica na entrevista a seguir. A entrevista é de Ernesto V. Souza:
O dia 22 de março de 2017, apresentou-se publicamente o Manifesto Abrolhar
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A finalidade principal do manifesto é seguir a socializar a denúncia da montagem policial, judicial e mediática de que somos objeto como figemos desde novembro de 2015 e, sobretodo, expandir a convocatória de manifestaçom nacional convocada para o domingo 23 de abril. Isto fijo-se através do contato direto com os principais agentes sociais, sindicais e políticos deste País, mas também por meio da relaçom com centenas de pessoas. Quanto ao seu conteúdo, o manifesto reclama a plenitude nunca alcançada das liberdades democrático-formais, o arquivo do sumário em que estamos encausadas e o cessamento deste tipo de operativos repressivos que apontam ao independentismo galego.
- Levades um longo ano de campanha reclamando os vossos direitos, a anulação o Auto e a reparação pública de Causa Galiza, tendes apoio? percebestes alguma reação coletiva ao vosso favor?
Se de algo nos podemos parabenizar em relaçom ao labor de socializaçom e denúncia da montagem que desenvolveu o nosso coletivo neste ano e meio, é de termos desmontado perante amplos setores sociais o discurso do Ministerio de Interior em relaçom ao nosso processo. Que mais de 80 agentes de todo o tipo condenassem publicamente a ilegalizaçom fática de Causa Galiza e o processo de que somos objeto é um dado eloquente ao respeito e demonstra a escassa ou nula credibilidade que tivo a montagem, o crescente rechaço que suscita e a absoluta falta de legitimaçom do regime atual para este tipo de medidas repressivas.
- Informastes da situação no Parlamento galego, europeu, tivestes apoios de corporações municipais, do BNG, CIG, de parlamentares e partidos catalães... de quem mais?
Em geral, o arroupamento de que fumos e somos objeto é importante. Isso visibilizará-se, ainda com mais força neste 23 de abril. Logramos rachar o cinturom sanitário que pretendia tecer a operaçom e colocar amplos setores sociais e políticos na tesitura de que este regime nom é democrático e utiliza os seus aparatos policiais, judiciais e também mediáticos para perseguir e punir a dissidência política. Se trazemos em conta as limitaçons de recursos económicos, materiais e humanos com que enfrentamos este processo desde o minuto zero, o resultado poderia-se dizer que foi encomiável. A manifestaçom nacional de 23 de abril demonstrará que, se passar o que se passar finalmente com nós, o independentismo foi quem de lhe respostar e dar a volta à agressom, segue em pé e, aliás, a meio de importantes dificuldades, seguirá a trabalhar pesar a quem pesar.
O manifesto subtitula-se: A SOCIEDADE GALEGA CONTRA A CRIMINALIZAÇOM DAS IDEIAS E A PERSECUÇOM DO INDEPENDENTISMO... Para que ilegalizar Causa Galiza? Para que ilegalizar pessoas? A quem interessam estas montagens?
Compreender o sentido da operaçom policial, judicial e mediática exige colocar-se na posiçom do Estado ou, quando menos, de certos aparatos do Estado que, como a Guardia Civil, atuam por via de facto com grande autonomia e mantenhem a tese de que o independentismo é o que eles chamam “terrorismo”. Desde essa posiçom, parece evidente que existindo umha crise irresolúvel do modelo autonómico e um debate aberto no nacionalismo e no independentismo sobre as vias de desenvolvimento futuro para o País, há setores do Estado que pretendem condicionar este debate e as suas previsíveis evoluiçons: bate-se sobre umha organizaçom política minoritária nom pola sua “perigosidade” atual, mas para constranger na residualidade a posiçom que essa organizaçom defende e que, hoje, conta com máximos históricos de apoio social. Temo-lo definido como “segar a erva de raiz”. O inimigo real nom é Causa Galiza, mas a possibilidade de se assentar neste País um projeto político independentista que ative
um estado de opiniom crescente, embora minoritário, de construçom nacional e rutura com Espanha.
Este ritual de violência policial, mediático e judicial faz sentido?
Tudo depende da ótica e dos interesses desde os que se atua. Desde a ótica e desde os interesses dum Estado em crise, com umha realidade social, económica, demográfica, laboral, etc. como a galega, sem vias de soluçom neste quadro autonómico, a satanizaçom do independentismo e o constrangimento dos setores nacionalistas a posiçons de reforma do modelo territorial estatal, é completamente funcional. Utiliza-se o pánico à repressom e a criminalizaçom para modelar condutas políticas e aferrolhar-nos a um pragmatismo suicida. O facto de destacados dirigentes do BNG serem citados publicamente nesta causa é um facto com umhas conotaçons políticas bastante evidentes.
Existe uma campanha mediático-policial para criminalizar o independentismo galego ?
Existe um tratamento mediático, judicial, policial, e também penitenciário, de exceçom que, com maior ou menor intensidade, é permanente e acompanha a militáncia independentista galega como umha sombra. Nom fago “vitimismo” com isto, mas apenas descrevo umha realidade. O Estado está consciente de que o independentismo é, na Galiza, o seu potencial “inimigo interno”, um fator potencial de desestablizaçom, umha posiçom política que deve manter em parámetros residuais ou marginais. E atua em consequência, utilizando a artilharia que precisa em cada contexto e tratando de impossiilitar que um estado de opiniom a cada mais amplo e livre de ambigüidades cristalice em organizaçom e em estratégia.
E das pessoas envolvidas neste processo de criminalização? Tendes sensação de indefensão jurídica? E socialmente, quais são as repercussões?
A nossa sensaçom de “indefensom jurídica”, por dize-lo assim, é absoluta porque sabemos onde pisamos e, aliás, constata-se em factos concretos. Primeiro, porque estamos plenamente conscientes de que estamos processados e processadas num tribunal político de exceçom que se constituiu no mesmo dia que se disolvia o TOP da Ditadura Militar. Um tribunal que se configurou em 1977 antes do processo de debate constitucional espanhol e que se especializa na repressom da dissidência política. Segundo, porque o “fundamento provatório” do nosso processo é ridículo -organizar homenagens aos Mártires de Carral de 1846 e atos públicos de memória histórica da luita independentista- e, terceiro, porque por cima de todo isto, que é discutido por quem acreditam no caráter democrático do regime atual, contemplamos in situ, através dos nossos advogados, notáveis irregularidades no processo como é, por exemplo, a vulneraçom da cadeia de custódia dos materiais retirados dos nossos domicílios em 201
5, que invalidaria qualquera investigaçom judicial rigorosa, ou a unanimidade mediática que acompanhou a operaçom.
Qual é a situação hoje de Causa Galiza?
Embora nós sigamos processadas por presuntos delitos que poderiam supor penas de prisom de 7 a 17 anos, a organizaçom política que foi o alvo da operaçom da Guardia Civil retornou finalmente à condiçom de organizaçom política legal em 14 de dezembro de 2015 graças a um auto do mesmo juíz que decretou a sua “suspensom de atividades”. Agora, Causa Galiza é legal, está-se a se reativar como organizaçom política numha situaçom de responsáveis processados, um prolongado período de congelaçom e a necessidade de seguir destinando recursos à defesa das e dos seus militantes e a denúncia do processo.
O vindouro 23 de Abril, há convocada uma manifestação... que expectativas tendes? Por que é importante participar destes manifestos e convocatórias?
A manifestaçom nacional de 23 de abril coincide com um momento crítico da montagem: agora é quando, supostamente, rematam as “investigaçons”, e nos encontrariamos, de nom haver prórrogas, com a perspetiva de resoluçom do processo. Esta pode ser, ou o arquivo da causa aberta, ou a dataçom dum juízo político na Audiencia Nacional com todas ou com parte das pessoas processadas, e com umhas imputaçons delitivas que hoje desconhecemos e podem ser as que temos atualmente, ou outras. Todo depende da construçom e a funcionalidade política que se pretenda dar à causa.
A importáncia da mobilizaçom, e do momento em que se produz, parecem óbvias: trata-se de afirmar a pé de rua que, por cima de diferenças ideoĺógicas ou táticas, nos agentes sociais e políticos que dam vida a este País existe a leitura compartilhada de que o Estado espanhol pretende laminar, manu militari, umha perspetiva para a Galiza que é incómoda para os seus interesses e carece de “encaixe institucional”. O mínimo comum denominador de quem nos manifestaremos em 23 de abril é a negativa frontal a assumir como “normalidade” a detençom de militantes políticas e políticos em operaçons de comando, a sua “desapariçom” durante dias, ou o seu processamento em tribunais carentes de garantias jurídicas como é a Audiencia Nacional.
Por último, nós interpretamos, humildemente, que somos dalgum modo como aqueles “comunistas” do poema daquel pastor luterano chamado Martin Niemöller, aos que vinheram deter os nazistas e polas que ninguém protestou. O que hoje sucede com umha pequena organizaçom e com a sua militáncia é um simbólico laboratório de práticas que, amanhá, podem ser de aplicaçom mais ou menos generalizada... Que a gente resposte, que se perda o medo, que nom se dé carta de “normalidade” a este tipo de atuaçons, condicionará provavelmente como sejam as cousas no futuro. A única certeza real que nos mostra o passado deste País som os cenários que resultam de condutas políticas regidas e orientadas polo medo.
O que se passará se, finalmente, esta montagem deriva num juízo?
Se a perspetiva é essa, comportaremo-nos como o que sempre fumos e o que modestamente somos: militantes ao serviço da independência nacional deste País, porque entendemos que a única via real de soluçom às suas problemáticas sociais, laborais, económicas, ambientais, de género, demográficas, etc. é a possessom dum Estado próprio ao serviço da maioria social. Aliás, procuraremos que esse hipotético processo ponha em pé a sociedade galega e sirva para continuar afortalando a posiçom independentista na Galiza, que é para o que estamos nós aqui.
Ernesto V. Souza (A Crunha, 1970) Doutor em Filologia Galega, especialista em História da Literatura; trabalha como bibliotecário na Univ. de Valladolid (Espanha), Académico da AGLP, atualmente é diretor do PGL.
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